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COLUNA ESPORTIVA: Mi Lotto comenta o “rolê” do Craque Neto no Guarani de Campinas

Trago hoje uma história que poucos sabem sobre o ex-jogador Neto, hoje apresentador de TV com o nome Craque Neto. Polêmico e um exímio cobrador de falta, Neto foi, com certeza, um craque dos gramados.

Nesse “rolê” da década de 1980 eu estive presente. Ocorreu em Campinas, interior de São Paulo. O Neto era jogador do Guarani. Eu estava, na época, coordenando uma atividade de uma instituição de formação profissional e assessoria (o Senac de Campinas) e fui chamado para receber uma comissão do Guarani. O clube solicitou uma assessoria de gastronomia e alimentação voltada para seus atletas, principalmente para o Neto, que, na época, tinha uma grande tendência a engordar.

Nos reunimos com a nossa especialista e técnica em nutrição para providenciarmos um cardápio especial para o Neto, que era uma grande promessa do Guarani. Porém, depois de muitas tentativas, avaliações, mudanças, cardápios especiais, recebemos os relatórios que apontavam que o Neto não conseguia emagrecer.

O resultado negativo causou, em nossa equipe, um enorme constrangimento, sendo que a nutricionista foi a mais abalada pelo fracasso do planejamento alimentar do atleta. Confesso que eu também fiquei bastante abalado, porém, logo nos dias seguintes, o ‘destino’ promoveu um encontro inusitado.

Como eu morava próximo do Brinco de Ouro da Princesa, o estádio do Guarani, eu frequentava algumas lanchonetes e bares do bairro. Em um dos ‘botecos’, fiquei amigo de um roupeiro do Guarani. E foi em uma conversa de bar que descobri o fracasso do planejamento alimentar do Neto.

O roupeiro ele me contou que depois do almoço preparado pela nutricionista, o Neto reclamava que ainda estava com fome. Para matar a fome, ele visitava um bar próximo do estádio e pedia, todos os dias, um “hamburgão”. Para piorar, a tarde, após o treino, a fome apertava e Neto voltava no bar, desta vez para comer um “salsichão”.

Não precisa ser especialista para saber que o hambúrguer e a salsicha não são recomentados para atletas, principalmente quando se come todos os dias. Foi aí que descobrimos as “escapadas” do Neto.

Como eu já conhecia a “rebeldia” do Neto, optei por tomar um caminho diferente para resolver a situação, eu pensei “vou ligar para a mãe do Neto e explicar para ela”. Por telefone, comecei a falar com a Dona Chimbica, porém a ligação caiu. Eu liguei novamente, mas, desta vez, quem atendeu foi Seu José Carlos, o pai do Neto.

Conhecido como disciplinador militar, Seu José Carlos não gostou nada da minha ligação. E não foi somente uma vez que nos falamos, foram várias. Um dia, porém, Seu José Carlos desistiu. Ele me disse: “Mi, não mexe com isso não. É o jeito da madeira. O rapaz (o Neto) é diferente. Não perca seu tempo com ele. Deixa isso pra lá”.

Levei esse último diálogo até minha equipe e todos deram muitas risadas. Foi aí que cravamos que não seria possível seguir com a assessoria, já que o atleta não cumpria o que a nutricionista prescrevia.

Neto seguiu carreira e chegou até a seleção brasileira. Pela seleção, ganhou prata nos Jogos Olímpicos (Seul, 1988) e prata no Pan-Americano de 1983 (Caracas). Foi, também, vice-campeão da Copa América, em 1991 (Chile). Jogou nos quatro grandes de São Paulo (Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos).

Em 1995, por outra ironia do destino, encontrei Neto em Araçatuba, interior de São Paulo. Ele estava jogando no time da cidade, a AEA, que disputava o Campeonato Paulista. Neto, em plena quinta-feira, estava tomando chope no famoso Bola 7, restaurante que atende até hoje na região central de Araçatuba. Detalhe: a AEA jogaria no sábado!

Atualmente na Band, em programas esportivos, podemos acompanhar o jeitão impetuoso do ex-jogador, hoje comentarista e apresentador.

Esse foi o ‘rolê’ com o Craque Neto. Espero que tenham gostado. Até a próxima.

*Mi Lotto é pedagogo, analista de RH, produtor cultural e ex-atleta amador. Jogou, quando jovem, em Jaú. Apaixonado por esportes e por histórias do futebol, é colunista do portal Universo Esportivo.