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COLUNA ESPORTIVA: Mi Lotto comenta os 30 anos do tetra e os 10 anos do 7 x 1

Alô rapaziada, tô de volta. Agora para falar dos 30 anos do tetra mundial de futebol e dos 10 anos do 7 a 1. Relatos que vivi porque gravei e guardei essas duas lembranças em minha memória. Uma linda e emocionante, outra triste e vergonhosa.

Quem não se lembra da dupla Bebeto e Romário? Eles fizeram um furor na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Desacreditados e sob forte pressão da mídia e da torcida brasileira, os dois mostraram porque os baixinhos com talento fizeram o que fizeram. E, após a conquista do título, foram reconhecidos pelo mundo.

Os gritos do Galvão Bueno “é tetra, é tetra, é tetra….” ficaram eternizados no futebol. Até hoje esse “bordão” é citado em conquistas esportivas, uma brincadeira saudável que remete aos que conquistam o primeiro lugar! Recentemente comemoramos os 30 anos desta conquista, que deixou o povo brasileiro orgulhoso, com muita alegria no coração!

E lá se foram 10 anos do 7 a 1, a goleada da Alemanha pra cima do Brasil na Copa do Mundo de 2014, em pleno Mineirão. Uma imagem que ficou muito clara na cabeça foi a expressão do técnico do Brasil, o Felipe Scolari, completamente hipnotizado, parecendo um boneco de Olinda, não acreditando no que tinha acontecido. Tenho acompanhado pelas mídias algumas notícias sobre a atual seleção brasileira. Para alguns críticos a pior de todos os tempos. Resta aí aos leitores analisarem e tirarem suas conclusões.

Pelas redes sociais, acabei vendo uma charge em um jornal da Alemanha. Nela, os detalhes do desenho realçavam as concentrações e os vestiários das seleções, entre elas a do Brasil. Os atletas da nossa seleção – que tem o maior número de títulos em Copas – estão preocupados com seus cortes e pinturas de cabelo, com brinquinhos e tatuagens. Uma verdadeira “mise en scène” (do francês, que significa encenação).

Para entrar em campo, ao contrário de outras seleções, os atletas do Brasil estão mais preocupados com suas aparências (e dancinhas em campo) do que com o próprio futebol. E está acontecendo aquilo que todos nós estamos vendo nas partidas do Brasil. Seria uma inversão de valores o que nós estamos passando? Difícil trazer para a escrita essa realidade dos atletas!

Essa ostentação, a coisa do espelho, do egocentrismo, da dancinha, da propaganda…..tudo muito cansativo, tudo muito ‘ralo’. Dá a impressão que o jogador não sente orgulho da camisa amarelinha da seleção brasileira. Hoje, infelizmente, os nossos atletas de primeira linha, no top da prateleira, se preocupam mais em adquirir bens materiais e ostentar!

Acho que o patriotismo não existe mais. A preocupação com o caráter, com o moral, o civismo, enfim, é um tipo de tema que dá para refletir, que podemos refletir juntos aqui no site Universo Esportivo!

Isso tudo, sem contar a “façanha” dá não participação do futebol brasileiro masculino nas Olimpíadas da França deste ano. Argentina e Paraguai são os representantes da América do Sul.

Fica difícil dizer se toda essa ostentação tem a ver com a influência da mídia, já que a primeira coisa que fazem os nossos atletas é fazer propaganda de empresas de apostas. Estariam os atletas caminhando na contramão das virtudes comportamentais?

Se preocupam muito na aquisição de barcos, jatinhos, ostentar festas, enquanto que o povo brasileiro espera uma coisa diferente da seleção, um algo mais, uma dedicação e paixão que víamos em seleções ‘das antigas’.

A mídia pode ser responsabilizada? Os atletas são problemas hoje em dia? Clubes que pagam milhões?

Enquanto nossos irmãos da Argentina, às vezes sem um time muito competente, mas com determinação, vislumbram conquistas, nós estamos retomando a nossa fama de vira-latas do futebol…

Seria isso o que realmente está acontecendo? Só uma reflexão. Em tom de provocação da torcida argentina com os brasileiros, recentemente um torcedor apontava na camisa as cinco estrelas do Brasil (as conquistas da Copas) como se fosse uma ironia do fraco futebol apresentado pela seleção brasileira. Foi um tapa na cara. Algo assim: ‘como vocês conseguiram essas estrelas e agora jogam um futebol de baixa qualidade?’

Estamos “armando a barraca da fama” na sombra das conquistas dos mundiais anteriores?

Fica a reflexão para os leitores do UE.

Um abraço, saúde e paz.

*Mi Lotto é pedagogo, analista de RH, produtor cultural e ex-atleta amador. Jogou, quando jovem, em Jaú. Apaixonado por esportes e por histórias do futebol, é colunista do portal Universo Esportivo.