Abel Ferreira: soberba ou extrema competência? Mi Lotto fala sobre o técnico português em sua coluna esportiva
Com certeza, a notícia das atitudes de Abel Ferreira, o treinador do Palmeiras, nesta semana, foi entre as mais lidas, ouvidas e comentadas no segmento das mídias.
Me fez refletir sobre algumas passagens e colocações de especialistas, repórteres esportivos, sobre a riqueza sem honestidade, sobre o sucesso sem humildade, sobre a fama sem caráter, e me levaram a algumas considerações.
O português Abel Ferreira tem no seu currículo dez títulos pelo Verdão, em quase quatro anos de clube. Evidente que todas as vitórias conquistadas no Palmeiras o transformaram em um dos técnicos mais vitoriosos atualmente no Brasil.
Somente o agravante é que ele não consegue administrar frustrações e insucessos. Levando em conta que o seu salário chega a mais de R$ 50 milhões por ano entre salários e premiações, é inadmissível alguém que possa ter algumas atitudes, digamos, ‘esnobe’ e ‘sem classe’.
A recente resposta para a jornalista Aline, da Band, que questionou o técnico sobre a lesão de um atleta, mostrou a grosseria e o preconceito do português, que soltou essa pérola: “Que todos saibam que eu só tenho que dar satisfações e explicações apenas para três mulheres”, que seriam sua mãe, sua esposa e a patroa (Leila, presidente do Palmeiras).
Então, depois de alguns “flashes”, algumas situações, algumas falas sobre “eu sou europeu”, numa discriminação e num preconceito tipo “sou o mais importante”, alguns jornalistas citam isso e relatam como uma tremenda arrogância.
Para quem tem o salário que tem, toda fama que já conquistou, todo dinheiro acumulado que o possibilita aposentadoria robusta, acaba fazendo essa lambança na coletiva de imprensa para destilar sua frustração e seu insucesso em algumas competições. Apesar de ter conseguido Libertadores, Brasileiro, Copa do Brasil, entre outros títulos, ficou a promessa de levar o Palmeiras a conquistar um Mundial Fifa, já que muitos consideram o título de 1951 uma conquista sem a chancela da entidade máxima do futebol.
Novamente desclassificado da Libertadores, este pode ter sido um dos motivos de sua resposta grosseira e preconceituosa, mostrando que, mesmo sendo um líder, um técnico vitorioso, o acompanhamento de um psicólogo seria aconselhável.
Para um rapaz que teve sua infância, seu começo, lá no Pena Fiel, conhecido como Pastelzinho de Belém da Rua 33, que foi um jogador mediano, não se destacando muito (parou por problema no joelho), porém como técnico chegou ao sucesso no Brasil, acredito que Abel poderia rever a possibilidade de existir a lei do retorno, uma vez que o acúmulo de situações com que ele se autodetermina como conhecedor, como melhor, (muitas vezes até com arrogância e soberba) não seja o caminho correto para um profissional com tantas conquistas e tantas vitórias.
Talvez até o acúmulo de sucesso e de fortuna que ele tenha conseguido no Palmeiras, possa ter, de uma certa forma, distorcido o seu discernimento de valores. O que não cabe, nos dias de hoje, é continuar fazendo esse papel arrogante e, depois, enviar ‘notinha’ aos veículos de comunicação pedindo desculpas e dizendo que “não foi minha intenção”. Foi sim, Abel, foi sua intenção ser arrogante e soberba. E isso já está evidente para todos!
Mi Lotto é pedagogo, analista de RH, produtor cultural e ex-atleta amador. Jogou, quando jovem, em Jaú. Apaixonado por esportes e por histórias do futebol, é colunista do portal Universo Esportivo.